segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

só e somente só


Ventilador que sopra sem vontade
É nulo teu viver, está aí para cumprir a tua não liberdade, reclamada em movimentos circulares contínuos, breve são as pausas para refletir uma existência incorpórea.
Em teu olhar seco, pousa certa melancolia, vinda de outros ventiladores,
 Tua matéria (polipropileno) é barata, poeirento só és notado quando em ti não se acha energia e nisso teu castigo é real constatação: só e sem força, para executar o real motivo de tua essência perde até o que não tens.
      No negrume da noite, é sentinela diluindo na escuridão maior, até te tornar preto de irreal
Disfarce, pairando com olhos arregalados na inveja, no suor, em tudo que imóvel como esfinge não podes ser. Exala algo imaterial e com maior violência tuas hélices protestam mudas em grito surdo. E já pela manhã sem força e exausto torna a emitir um tímido som, que aos poucos vai desfalecendo, parando, parando até novamente voltar ao mundo real, o seu mundo; que lentamente se petrifica e se fecha para uma próxima tentativa de coexistir sem vida. 

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2 comentários:

  1. Monge Berg e seu enigmático ventilador,....

    Muito bom cara!!

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  2. a minha cabeça ainda está rodando.

    Genial o texto!!!

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